O Antoniano

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Sermão para a Festa de São José, esposo da Santíssima Virgem, confessor e Patrono da Igreja Universal
Quarta-feira após o II Domingo depois da Páscoa

Brasília-DF, 07 de maio de 2025 A.D.

Caríssimos,

Celebramos hoje uma das mais insignes festividades do calendário litúrgico: a solenidade do Patrocínio de São José, Esposo da Santíssima Virgem Maria, Confessor e Padroeiro da Igreja Universal. Esta festa, fixada pela sabedoria da Santa Igreja na quarta-feira após o segundo domingo depois da Páscoa, foi instituída pelo Sumo Pontífice Pio IX em 1847, e posteriormente elevada ao rito duplo de primeira classe pelo Papa Leão XIII.

Na Epístola de hoje, retirada do Livro do Gênesis, a Igreja nos apresenta a figura do antigo patriarca José, filho de Jacó, como prefiguração de nosso São José. Assim como aquele José foi constituído administrador de toda a terra do Egito e salvador de seu povo durante a grande fome, assim também Deus constituiu São José protetor da Sagrada Família e, posteriormente, guardião de toda a Igreja. E no Santo Evangelho, escutamos as palavras do anjo a São José: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo” (Mt I, 20).

A liturgia desta festa nos faz, portanto, meditar sobre o patrocínio especial que São José exerce sobre a Igreja Universal, e sobre como devemos recorrer a ele em todos os perigos e necessidades. Pois se Deus lhe confiou a proteção de Seu próprio Filho na terra, quanto mais não lhe confiará a proteção de Seu Corpo Místico!

No dia de hoje, nossa Santa Romana Igreja celebra com grande solenidade a figura excelsa de São José, varão justo, esposo castíssimo da Virgem Maria e Pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não é por acaso que a Providência Divina escolheu este humilde carpinteiro de Nazaré para ser o patrono e protetor da Igreja Universal. Meditemos, pois, sobre a importância deste grande patriarca na economia da salvação e em nossos tempos atuais.

Consideremos primeiramente a missão sublime confiada a São José: foi ele quem recebeu do próprio Deus a tarefa de proteger, cuidar e sustentar o Corpo Físico de Cristo. Quando o Anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos e disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo” (Mt I, 20), ele não hesitou. Com prontidão e obediência exemplares, recebeu o Verbo Encarnado sob sua proteção.

Foi São José quem conduziu a Sagrada Família para o Egito, salvando o Divino Infante da perseguição de Herodes. Foi ele quem, com o suor de seu rosto, trabalhou arduamente como carpinteiro para prover o sustento do Filho de Deus e de Sua Santíssima Mãe. Foi ele quem ensinou ao próprio Criador do universo o ofício da carpintaria, transmitindo-lhe a dignidade do trabalho honesto.

Como ensina o Papa Leão XIII em sua encíclica Quamquam Pluries: “As razões pelas quais São José deve ser considerado o especial patrono da Igreja, e a Igreja, por sua vez, esperar muitíssimo de sua tutela e patrocínio, nascem principalmente do fato de ele ter sido o esposo de Maria e pai putativo de Jesus Cristo.”

Assim como Deus confiou a São José a guarda e proteção de Seu Filho Unigênito e da Santíssima Virgem Maria, também confiou a ele a proteção de Seu Corpo Místico, que é a Santa Igreja Católica. Segundo as palavras do venerável Pio IX, ao proclamar São José Patrono da Igreja Universal: “Assim como Deus constituiu o patriarca José, filho de Jacó, administrador de toda a terra do Egito para conservar o trigo para o povo, assim também, ao chegar a plenitude dos tempos, escolheu outro José, do qual o primeiro era figura, e fê-lo senhor e príncipe de sua casa e de sua herança.”

A analogia é perfeita e divinamente ordenada: assim como São José velou pelo Menino Jesus, defendendo-o das ciladas de Seus inimigos, agora, no céu, continua exercendo sua paternidade espiritual, protegendo a Santa Igreja dos ataques do Maligno e daqueles que buscam destruí-la.

Vejamos, então, meus caros, como São José exerce sua proteção sobre o clero e os fiéis, que constituem o Corpo Místico de Cristo.

O sacerdócio católico, imagem viva de Cristo Bom Pastor, encontra em São José um poderoso intercessor e modelo de virtudes. Foi ele quem primeiro contemplou, com olhos de fé, o sacerdócio eterno de Cristo. Foi ele quem primeiro adorou o Verbo Encarnado, que haveria de se oferecer como sacrifício pelos pecados da humanidade.

Como ensina o insigne Papa Pio XI: “São José é o modelo dos educadores e protetor dos seminários, pois formou, com seus exemplos e conselhos, Jesus Cristo em sua humanidade.”

Para os religiosos e consagrados, São José é o modelo perfeito de castidade consagrada, de obediência pronta e de pobreza evangélica. Sua vida oculta em Nazaré ensina-nos o valor do silêncio, da humildade e do trabalho santificado.

Para os fiéis leigos, São José demonstra como santificar-se no meio do mundo, através do trabalho honesto e da fidelidade aos deveres familiares, ele é por excelência o santo do quotidiano. Como chefe da Sagrada Família, ele nos ensina a governar cristãmente nossos lares, fazendo deles verdadeiras “igrejas domésticas”, onde Cristo reina e é amado.

Em nossos tempos conturbados, quando a Santa Igreja sofre ataques de toda sorte, tanto externos quanto internos, São José ergue-se como um baluarte inexpugnável.

Os inimigos externos da Igreja são numerosos: o ateísmo militante, o materialismo desenfreado, o relativismo moral, o secularismo agressivo. Contra estas forças que buscam extirpar a fé do coração dos homens, São José, que guardou a fé em seu coração mesmo nas horas mais obscuras, intercede poderosamente.

Mais perigosos ainda são os inimigos internos: reunidos em sua fonte, a heresia modernista, síntese de todas as heresia, temos aqueles que, sob o pretexto de adaptação e modernidade, buscam diluir a doutrina imutável da fé, introduzindo erros e heresias no seio da própria Igreja. Contra estes lobos vestidos de cordeiros, que o grande Papa São Pio X denunciou com tanta veemência, São José oferece sua proteção especial.

Como guardião da pureza da Santíssima Virgem e do próprio Cristo, São José vela pela integridade da doutrina católica, preservando-a de toda contaminação herética. Como homem de silêncio e contemplação, ele nos ensina a escutar a voz da Tradição em meio ao clamor ensurdecedor da modernidade.

Finalizemos nossa meditação com uma nota de inabalável esperança. Por mais tenebrosas que pareçam as circunstâncias atuais, por mais que a barca de Pedro seja açoitada pelas tempestades deste século, a Igreja de Cristo jamais perecerá.

Nosso Senhor mesmo nos garantiu: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt XVI, 18). E para fortalecer esta promessa divina, Deus nos concedeu a proteção paternal de São José.

Como ensinou o grande Papa Pio XII: “A Igreja, oprimida por inimigos manifestos e ocultos, não confia tanto em recursos humanos quanto na proteção celestial, principalmente na ajuda de seu glorioso patrono, São José, a quem Deus confiou a guarda de seus tesouros mais preciosos.”

Por isso, meus caros, mesmo em meio à crise que atravessamos, mantenhamos firme nossa confiança. A Igreja triunfará, como sempre triunfou ao longo de dois milênios, sobre todas as perseguições e heresias. E os inimigos da fé, tanto externos quanto internos, serão confundidos e humilhados.

Como proclama o Salmista: “Os que semeiam em lágrimas, ceifarão com alegria” (Sl 125,5). E São José, que experimentou a angústia na fuga para o Egito e a alegria no retorno a Nazaré, nos conduzirá através desta noite escura até a aurora radiante do triunfo de Cristo e de Sua Igreja.

Roguemos, portanto, nesta festa solene, que São José estenda seu manto protetor sobre nossa Santa Madre Igreja, sobre o Romano Pontífice que será eleito pelo colégio de cardeais, sobre os bispos e sacerdotes, sobre os religiosos e fiéis. Que ele nos conceda a graça de perseverar na fé católica, na fidelidade à doutrina imutável e à liturgia sagrada que nos foi transmitida através dos séculos.

E assim como São José teve o indizível privilégio de morrer nos braços de Jesus e Maria, que ele nos alcance a graça de uma boa morte, para que possamos contemplar face a face Aquele a quem ele protegeu e amou na terra.

São José, Terror dos demônios, rogai por nós! São José, Protetor da Santa Igreja, rogai por nós!


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